terça-feira, 5 de julho de 2011

Carta MCC Julho 2011 (143ª.)


“A Palavra do Senhor permanece eternamente.
 E esta é a palavra do Evangelho que vos foi anunciada” (1Pd 1,25).

Caríssimos irmãos e irmãs que, como “Maria, queremos encontrar a Palavra de Deus em nós[1] 
É com estas palavras do Apóstolo Pedro que o Papa Bento XVI inicia sua Exortação Apostólica Pós-Sinodal “Verbum Domini[2] datada de 30 de setembro de 2010. Em cartas mensais anteriores (Fev.e Maio de 2011- 138ª e 141ª respectivamente) já apresentamos algumas reflexões em torno desse precioso documento que, como o próprio título diz, consiste em tornar oficiais para toda a Igreja, as conclusões da XII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos (5 a 26 de outubro de 2008) que teve por tema A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja. Estou certo de que muitos dos meus leitores já aprofundaram, com mais tempo e dedicação, os ricos aspectos contidos nesta Exortação chamada de “apostólica” porque tem a chancela do Papa. Entretanto, exatamente pela riqueza nela contida, é que a gente vai descobrindo e redescobrindo, a cada leitura, novos aspectos para reflexão e novas motivações para pô-la em prática. Proponho, pois, que nestas breves linhas, voltemos a considerar mais dois pontos significativos para os leigos e leigas contidos na VD.
1.                “Palavra de Deus e fiéis leigos”. Entre os parágrafos da“Palavra de Deus na vida eclesial”, na Segunda parte “A Palavra de Deus e a Igreja”, podemos encontrar uma referência explícita aos leigos[3]. Ali se afirma que “O Sínodo concentrou muitas vezes a sua atenção nos fiéis leigos”, manifestando, também, gratidão pelo “generoso empenho com que difundem o Evangelho nos vários âmbitos da vida diária: no trabalho, na escola, na família e na educação”. Além dessa como que agradecida e confiante introdução, seguem-se, entre outros, dois pontos fundamentais no que toca à missão do leigo: o primeiro sobre a obrigação de “difundir o Evangelho” a partir da “obrigação que deriva do batismo”, com isso “realizando a própria vocação à santidade”. O que se deduz dessa afirmação? Que o leigo proclama o Reino de Deus “nos vários âmbitos da vida diária” sem necessitar da permissão e muito menos de submissão a quem que seja: nem do Papa, nem do Bispo, nem do Pároco. Na Igreja católica, durante séculos, o leigo pareceu como que um dependente da hierarquia. Felizmente, hoje, a dependência transformou-se em comunhão. Mesmo na necessária organização pastoral e evangelizadora - lembrando que “uma andorinha sozinha não faz verão” – busca-se a comunhão e não a dependência. Ademais, é lá no seu ambiente que o leigo e a leiga, se possível organizados em “pequenas comunidades de fé”, portanto buscando a unidade, dão o testemunho do Evangelho, dão o testemunho imprescindível para que o mundo creia: “Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim, e eu em ti. Que eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17,21). O outro ponto, tão importante como o primeiro, trata da  formação para discernir a vontade de Deus por meio de uma familiaridade com a  Palavra de Deus...”. Por oportuno, lembro que ninguém forma ninguém. A formação nasce no intimo de cada pessoa  á medida que esta recebe informações adequadas. No caso da “familiaridade com a Palavra de Deus”, ao recebê-la, o seguidor de Jesus vai elaborando e amoldando sua própria mentalidade e sua espiritualidade nascida da própria Palavra. Ao chegar a esse ponto, permitam-me recomendar, meu caro leitor e leitora, que leia devagar e medite profundamente todo parágrafo 66 da VD do qual reproduzo um pequeno trecho: “Redescobrir a centralidade da Palavra de Deus na vida da Igreja significa também redescobrir o sentido do recolhimento e da tranquilidade interior”.  

2.                 “Todos os batizados são responsáveis pelo anúncio”[4]. No contexto da terceira parte da VD “a Missão da Igreja: anunciar a Palavra de Deus ao mundo”, a VD chama a atenção para a responsabilidade de todos os batizados como sendo “um povo enviado” e destaca a dos fiéis leigos que “são chamados a exercer a sua missão profética que deriva diretamente do batismo, e testemunhar o Evangelho na vida diária onde quer que se encontrem”. Especial destaque merece aqui essa missão como a de “testemunhar o evangelho”. Trocando em miúdos, testemunhar significa, antes de mais nada, esforçar-se para que a mentalidade do leigo, seus atos, seus gestos, sua ação sejam coerentes com a palavra e o ensinamento de Jesus, ou seja, seja ele coerente. São numerosos os documentos do Magistério eclesiástico, sobretudo os de depois do Concílio Vaticano[5] e a começar por este, que, ao fazer referência à missão evangelizadora da Igreja, referem-se ao testemunho de vida como a mais exigente e eficaz. Para não abundar em citações, lembro tão somente uma das mais importantes, a da Exortação Apostólica de Paulo VI “A Evangelização no Mundo contemporâneo” que, logo no início, assim se expressa: “E esta Boa Nova há de ser proclamada, antes de mais, pelo testemunho”[6]. E, depois de acenar para o que deve ser a atitude do evangelizador, acrescenta no mesmo parágrafo: “Por força deste testemunho sem palavras, estes cristãos fazem aflorar no coração daqueles que os veem viver, perguntas indeclináveis: Por que é que eles são assim? Por que é que eles vivem daquela maneira? O que é – ou quem é – que os inspira? Por que é que eles estão conosco?” 

Meu caro leitor ou leitora: sugiro que você junte estes dois textos. Leia-os atentamente. Em seguida, colocando-se no lugar dos “fiéis leigos” da VD, aplique-os à sua vida de evangelizador, discípulo missionário enviado de Jesus: “Mas recebereis o poder do Espírito Santo que virá sobre vós, para sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (At 1,8).

 Concluo com os mesmos votos expressos por Bento XVI no final da VD:“Por isso, cada um dos nossos dias seja plasmado pelo encontro renovado com Cristo, Verbo do Pai feito carne: Ele está no início e no fim de tudo, e n’Ele todas as coisas subsistem (cf. Cl 1, 17). Façamos silêncio para ouvir a Palavra do Senhor e meditá-la, a fim de que a mesma, através da ação eficaz do Espírito Santo, continue a habitar e a viver em nós e a falar-nos ao longo de todos os dias da nossa vida. Desta forma, a Igreja sempre se renova e rejuvenesce graças à Palavra do Senhor, que permanece eternamente (cf. 1 Pd 1, 25; Is 40, 8).

A todos meu abraço muito fraterno que vai envolvido por Maria, “Mãe do Verbo e Mãe da Alegria”[7],




Pe.José Gilberto Beraldo
Equipe Sacerdotal do GEN
E- mail: beraldomilenio@uol.com.br

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